domingo, 17 de março de 2019

Uma promessa impertinente.

Dom Casmurro - Machado de Assis


Dona Glória há muito fez promessa ao Senhor de que, se vivo nascesse seu filho, este iria para o seminário. Bentinho, mais tarde Dom Casmurro, nada sabia desse voto, importando apenas sua amizade com Capitu.

Em sua ingenuidade, jamais viu outra coisa na moça que não fosse afeto entre irmãos, pois assim sempre foram um para o outro, desde que se entendiam por gente.

Porém, à revelação da jura da mãe, acompanhada da acusação de José Dias de que estariam os dois enamorados, Bento percebe então o que jamais soube existir dentro do seu coração: amava Capitu. Mas o que fariam agora desse amor que estava para desabrochar quando ele seria arrastado para a vida celibatária sem escolha?

A trama, narrada pelo próprio protagonista, conta a angústia de Bentinho em livrar-se dos caminhos da Igreja. Acompanha o mesmo em sua vivência no seminário e como surgiu lá sua amizade com Escobar.

Do desenrolar da pendenga, conhecemos mais a capacidade dissimulatória de sua amada, que desde pequena mostrava habilidade para a manipulação. 

Bentinho, sempre desconfiado e ciumento, pode ter gerado nos leitores a grande pergunta que gira em torno de Dom Casmurro: Capitu traiu ou não traiu? Mas confesso que para mim tal dúvida nunca existiu. Ei de dizer que a verdade reside no fitar dos olhos da dulcineia.

Machado pode parecer para muitos uma leitura distante da realidade, fora do comum, mas engano seu se pensar assim. Sua escrita convida o leitor a viver a história com ele, sempre recheada de ironias e confidências. A proximidade e a intimidade chegam rápido nessa convivência.

Apesar de ser considerado o clássico dos clássicos machadianos, ainda persisto em minha preferência por Brás Cubas.

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: L&PM
Páginas: 256

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário sobre a resenha.