sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Uma reviravolta e tanto.

Corte de Névoa e Fúria - Sarah J. Maas


Feyre achava que tinha superado a maior provação de sua vida. Que derrotar sua algoz seria o suficiente para encerrar a destruição do mundo que aprendeu a amar. .
Ao retornar à Corte Primaveril, seus dias passados ao lado de Tamlin não são mais os mesmo, pois a humana que ela era já não habita mais seu corpo, não sente mais as mesmas emoções.

O medo e o egoísmo fazem seu amado confiná-la, um erro catastrófico sendo que a reclusão se tornou algo insuportável para Feyre, depois do que vivenciou Sob a Montanha.

Para não encher essa resenha de spoilers, vou deixar esse breve resumo introdutório por aqui. Não preciso dizer que Sarah J. Maas é uma excelente contadora de história, pois a série Trono de Vidro já fala por si mesma.

Esse livro é daqueles que, embora longo, o tamanho é mero detalhe. É possível perder-se nas páginas e páginas dessa fantasia incrível, sem se dar conta de que atingimos o final da leitura. Portanto, não se deixe intimidar pelo calhamaço.

Feyre não é uma personagem que agrada todos os leitores, pois é cheia de inseguranças e uma certa imaturidade, mas nos momentos mais decisivos é inigualável, de uma bravura e coragem inspiradora.

Assim como no primeiro volume da saga, a narrativa é lenta e demora a atingir seu ápice. Mas no fundo, tudo tem um propósito que é explicado nas últimas páginas.

Eu adoro fantasia e essa não me decepcionou nem um pouco. A única coisa que me incomodou é que eu esperava uma descrição mais detalhada dos embates da protagonista, que são curtos demais, e acho que a autora prometeu muito em relação à esperteza e inteligência dos membros da Corte Noturna, sendo que eles na verdade se mostram descuidados e ingênuos em muitos aspectos.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Galera Record
Páginas: 658

O que diabos está acontecendo?

Nunca jamais - Colleen Hoover e Tarryn Fisher


Silas e Charlie "despertam" durante uma aula sem saber seus nomes, quem são seus pais, amigos ou familiares. Um blackout total, a não ser por alguns detalhes aleatórios.

Ao longo das horas e dos dias que se seguem, eles começam a coletar fragmentos do porquê disso ter acontecido aos dois, escondendo de todos que algo está muito errado.

A cada passo, mais mistérios surgem, deixando leitor e protagonistas num completo branco sem fim. A sensação de estar perdido é compartilhada por nós a cada minuto, e o livro permanece dessa forma até o final, que traz ainda mais dúvidas ao invez de soluções.

Dividido em três partes, "Nunca jamais" é um suspense com toques de romance escrito em duas mãos por autoras aclamadas. Só posso falar por CoHo, pois conheço sua escrita que identifico principalmente nas cenas do casal redescobrindo seus sentimentos um pelo outro.

O enredo é bem misterioso nesse primeiro volume e não entrega basicamente nada. Mas talvez não houvesse necessidade de partir a história, que é curta nesse tomo e que poderia muito bem ser contida em um único livro.

Espero que no segundo as autoras tenham trazido algumas respostas, pois senão a narrativa se tornará cansativa e vaga demais, afastando qualquer vontade de finalizar essa história.

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Galera Record 
Páginas: 192

Cômico.

O alienista - Machado de Assis


Neste clássico conto machadiano, acompanhamos o surgimento da Casa Verde, instituição dedicada à pesquisa psicopatológica, idealizada pelo celebre cientista Simão Bacamarte.

Muito respeitado em Itajaí, o alienista então inicia seus estudos confinando aos alicerces da Casa os considerados, por ele mesmo, mentecaptos ou, mais precisamente, os loucos. 

Mas a linha entre sanidade e loucura é de difícil construção para Bacamarte. Assim, a cada semana, aumentam os números daqueles considerados alienados pelo doutor, não havendo escapatória mesmo para os cidadãos mais ilustres, e sãos, o que culmina na revolta da população que se ergue em revolução contra Simão e a Câmara, que parecem agir em conluio.

Com enredo inteligente e cômico Machado presenteia o leitor com uma breve história rica e divertida. Não é a toa que seus contos são tão aclamados e que ele continua sendo um grande nome da literatura brasileira.

O alienista foi publicado em 1882, entretanto guarda uma linguagem atual, característica do escritor, fato que vai agradar a todos os leitores, sem sombra de dúvidas. 

Claro que eu sou suspeita para opinar pois adoro tudo o que ele escreveu, mas procure saber mais sobre sua obra e verá que não estou sozinha nessa. Portanto, se você nunca leu nada do autor, faça um favor por si mesmo e adicione esse livro à sua lista de leituras.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Tag Inéditos / L&PM pocket
Páginas: 80

Bom, mas ainda falta alguma coisa.

O homem de giz - C. J. Tudor


Em um suspense que certamente tem inspiração em Stephen King, a autora C. J. Tudor conta a história de Eddie, mesclando acontecimentos do passado e presente.

Nos anos oitenta, Eddie e seus amigos não se separavam de suas bicicletas e viviam diversas aventuras no bosque da cidade, até que um dia encontram um corpo desmembrado de uma garota depois de seguir diversos desenhos de homens-palito feitos a giz.

Essa experiência tenebrosa marca a infância de todos eles, que foi permeada por inúmeras dificuldades e mistérios que se desenrolam ao longo da trama.

Já no presente, o protagonista recebe a visita de Mickey, parceiro das antigas que não via há muitos anos. Porém, seu desaparecimento repentino traz à tona fatos que ele achava estarem enterrados e encerrados há muito tempo.

Muito bem ambientado e envolvente, este é um livro que você termina e nem percebe que o tempo passou. Embora a autora tenha trazido muitos mistérios, infelizmente terminamos a leitura com um final aberto e sem respostas para alguns dilemas que, se não tivessem sido colocados, talvez nem fizessem falta.

Eddie instiga a curiosidade e não tem como não se envolver com sua trajetória e superações de infância. Mas ele traz também um lado sombrio que surpreende o leitor e adiciona um quê de realidade ao protagonista.

Muitos dos amigos de Eddie e personagens secundários poderiam ter sido melhor aproveitados se essa narrativa possuísse mais páginas. Acho que o livro peca no desenvolvimento, pois traz elementos demais que ao final se tornam desnecessários para o enredo. Fica parecendo que a própria autora esqueceu de algumas coisas e no fim trouxe uma solução breve e um pouco decepcionante.

É daqueles livros que não tem como não indicar e recomendar, embora tenha alguns problemas na narrativa. Eu gostei, apesar dos pesares e leria mais coisas da autora para ver se sua escrita amadureceu com a prática.

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Intrínseca
Páginas: 272

Muito mais que um ocapi.

O dia em que Selma sonhou com um ocapi - Mariana Leky


Para Luise, e a pequena cidade de Westerwald, o dia em que sua avó Selma sonha com um ocapi torna-se um prenúncio de morte. As próximas vinte e quatro horas são derradeiras e angustiantes, na espera da foice do destino.

Mamífero, e um tanto quanto esquisito, esse animal não tem nada de medonho, mas representa a família de Luise mais do que nunca, pois é feito de partes muito diferentes que, apesar de desajustadas, se encaixam como uma luva formando algo extraordinário.

Nesse livro delicado e meigo, acompanhamos a protagonista em seu amadurecimento, podendo sempre contar com seus entes queridos e agregados nas decisões fáceis ou difíceis da vida. A dinâmica familiar é o ponto chave dessa narrativa dulcíssima, dando aquela vontade de "guardar todos os personagens num potinho".

Mais uma vez temos um escolhido da tag inéditos que veio para encantar e deixar sua marca registrada. É impossível não adorar e se perder nesse enredo poético e com um quê de literatura fantástica.

A aparição do ocapi torna-se mero recurso narrativo para a autora, que explora o tema da perda/morte de forma inteligente e singular, sem necessidade de um dramalhão para passar seu recado.

Leitura fluida e rápida, com capítulos leves e divertidos, Mariana Leky me conquistou como público e já aceito mais indicações dessa escritora alemã se alguém tiver.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Tag Inéditos / Editora Planeta
Páginas: 320

Trama bem construída.

Mestre das Chamas - Joe Hill


Em um universo em que esporos contaminaram seres humanos transformando-os em brasas incandescentes, Harper precisa aceitar o fato de que não passou ilesa pela doença, ainda que todas as precauções tenham sido tomadas.

Durante essa descoberta, ela vislumbra no marido Jacob um completo estranho, que está com a ideia bizarra de que ambos precisam morrer para se salvar. Mas ela não quer nada disso, pois carrega na barriga o fruto daquele casamento agora despedaçado.

Salva pelo Bombeiro, figura mais surreal do que tudo o que ela vem enfrentando, Harper se agarra a esse estranho na esperança de sobrevivência e acaba se abrigando em uma colônia onde, aparentemente, os moradores sabem mais sobre a Escama de Dragão, do que o resto da humanidade.

Com essa pincelada extremamente sutil da história, convido todos a conhecerem um dos melhores livros que li esse ano, repleto de ação, personagens fortes e incríveis e um enredo que não te deixa recuperar o fôlego um segundo sequer.

Foi meu primeiro contato com Joe Hill e já quero mais. Adorei a enfermeira Harper, que pra mim é uma das personagens mais fortes que já conheci. Tudo na trama foi bem alinhavado e, na minha visão, nada foi em vão. A trajetória da protagonista e daqueles que ela passa a amar são essenciais para o desenrolar da narrativa que mostra a crueza do ser humano em momentos de desespero.

É um livro que apesar de quase 600 páginas passa voando e seu final aberto deixa um gostinho de saudade e de curiosidade para saber o que aconteceu depois de toda a jornada.

Leitura mais que necessária para os amantes do gênero e que vale a pena sem sombra de dúvidas! E você? Já leu alguma coisa do filho do King?

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Arqueiro
Páginas: 592