quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Nada de vampiros que brilham por aqui.

Drácula - Bram Stocker


De legado incontestável, Drácula traz a tona milhares dos "clichês" vampirescos que conhecemos até hoje. Mas se você acha que essa história remete aos vampiros modernos, não se engane, pois aqui o velho conde seduz por hipnotismo e carece de beleza.

Em uma espécie de prólogo, acompanhamos os relatos epistolates de Jonathan Harker, advogado enviado para formalizar a compra de uma propriedade em Londres feita pelo dono de um castelo na Transilvânia. Todo o trajeto do vilarejo à morada de Drácula é peculiar, mas nada se compara ao que Jonathan encontra no lar decrépito do conde.

A ausência de empregados, os hábitos noturnos, a falta de espelhos, caninos afiados, aparência cadavérica, tudo faz com que nosso herói fique aterrorizado e um plano de fuga entra em curso.

Após as experiências de Jonathan seguimos para Londres, onde a maior parte da trama tem sede. Lá somos apresentados a outros personagens, com voz própria, por intermédio de mais cartas e descobrimos os planos maléficos de Drácula.

Mais do que um livro sobre vampiros, Bram Stocker traz à tona o medo do desconhecido, a importância da amizade e a coragem para combater o mal, custe o que custar. Trata-se de uma grande aventura na caçada contra o Rei da Noite e seus malfeitos, que não perde seu ritmo em nenhum capítulo.

É sim leitura essencial para todos, pois inspirou gerações no cinema, literatura e teatro, dentre outros ramos e o faz até hoje! Portanto se você ainda não leu está esperando o quê?

Eu gostei bastante, com a ressalva de que o clímax final foi muito rápido e tudo termina abruptamente. Fora isso, palmas para o autor que, de fato, soube inovar em sua época e continua "vivo" até hoje por intermédio de sua obra.

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Darkside books
Páginas: 580

Maldade no lugar da pureza.

Menina má - William March


Rhoda é a menina dos olhos de todos. Educada, comedida e disciplinada, ela representa um verdadeiro sonho para qualquer família. Entretanto, por debaixo de suas lindas covinhas e suas roupinhas impecáveis esconde-se a maldade.

Mas seria possível uma menininha de apenas oito anos e semblante angelical ter a capacidade de fazer alguma atrocidade?

Christine, mãe da garota, sempre achou estranho a falta de afeto da menina, e também, suas cismas com coisas materiais. Rhoda, apesar de parecer um doce, jamais conquistava seus colegas de escola, e foi "convidada" a se retirar de várias pelo simples fato de não se encaixar. Sua estranheza e ardis não combinavam com os padrões disciplinares esperados de qualquer criança.

Um acidente terrível ocorre em um passeio escolar e para a surpresa (ou não) de Christine sua filha é a última pessoa a ver um menino que se afogou no cais. O medo e a curiosidade movem essa mãe na busca por verdades e na revelação de seus piores medos.

Lançado originalmente em 1954, o livro inspirou grandes personagens do cinema e teatro, apesar de ser considerado por muitos uma publicação polêmica. Hoje em dia já é difundido o conhecimento acerca das psicopatias, mas na época trazer uma garota meiga como representante da maldade foi algo de vanguarda.

A narrativa se desenrola em poucos e longos capítulos, quase todos permeados pelas dúvidas de Christine acerca da índole de Rhoda. Seus dilemas e dúvidas são o centro da trama. Apesar de muito introspectivo a leitura flui bem e é rápida, deixando o leitor abismado com o desfecho.

Eu adorei o livro. Gostaria de ter sabido mais a respeito da opinião do marido de Christine. Também temos Mônica, amiga dela que poderia e deveria ter tido um sexto sentido maior sobre tudo o que estava acontecendo pois ela não só era metida a psicanalista como gostava muito desse tema e, talvez, teria notado sinais estranhos em Rhoda, mesmo sem saber de todos os detalhes. Mas a veneração dela pela menina chega a ser surreal, embora eu entenda que a ideia do escritor era mostrar como, às vezes, as aparências enganam. Leitura recomendadíssima!

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Darkside books
Páginas: 272

Traço muito confuso.

Wytches - Snyder, Jock, Hollinsworth e Robins


Poderia ser mais uma história sobre bruxas e seu misticismo, entretanto está HQ as joga como pano de fundo para contar a história de uma família e seu resgate emocional.

Após um trauma horrível a família Rooks se muda para a cidade de Litchfield a fim de superar o passado. Mas é no presente que encontram seu maior desafio quando o medo espreita.

As bruxas são uma ameaça real. Grotescas, horripilantes e maldosas, não importa a presa, todos podem servir ao seus propósitos, mas sempre em troca de alguém importante, portanto, para ganhar você deve jurar.

Essa HQ sempre chamou minha atenção. De capa linda e misteriosa, pouco dava para saber sobre o enredo até adentrar nesse universo.

Embora a narrativa seja promissora, ela peca no enredo, que é truncado, mal explicado e célere demais. Fiquei sem entender o que estava acontecendo, em que momento do tempo estava e qual seriam os próximos passos da família.

Outra coisa que atrapalhou foram os traços, muito bonitos em alguns pontos, mas extremamente ininteligíveis em outros. Fiquei confusa de tão atrapalhada que me senti.

Sim, eu sei que não sou uma especialista nem nada, mas acho que ela mais afasta os leitores do que convida a conhecer a trama.

Nota: ⭐⭐⭐
Editora: Darkside books
Páginas: 192

Não colou comigo não.

Bom dia, Verônica - Andre Killmore


Com um passado complicado e uma vida confusa, Verônica poderia ser apenas mais uma secretária na polícia civil, entretanto, sua curiosidade e gana por justiça levam-na direto para um mundo de crueldade, onde as mulheres são as maiores vítimas.

Após presenciar o suicídio de Marta, enganada por um aproveitador que conheceu na internet, Verônica decide tentar resolver o caso dispensado por seu chefe, pois se sente em dívida com a situação.

Em paralelo, a secretária também recebe uma denúncia de Janete, que diz ter um marido psicopata em casa e quer ajuda para sair dessa situação viva.

Com uma narrativa recheada de crueldade e cenas grotescas, os autores mostram o pior lado do ser humano, nos levando ao universo obscuro da maldade em sua mais pura essência.

Mas é por aí que fica o QUÊ desse livro que, infelizmente, apresente uma protagonista que não é flor que se cheire, é extremamente hipócrita e egoísta, e só faz burrada do início ao fim dessa trama.

Você até tenta torcer para que Verônica ajude essas mulheres despedaçadas, mas ao longo da história é perceptível como tudo só pode acabar dando errado, de tantos subterfúgios utilizados por ela. Um erro atrás do outro.

Nota: ⭐⭐⭐
Editora: Darkside books
Páginas: 256
O livro flui bem, gerando interesse a cada capítulo. Mas falta profundidade nas personagens, o que me gerou falta de empatia total.

Sei que muitos de vocês amam essa história que, inclusive, vai virar série na Netflix, mas para mim não colou de jeito nenhum.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Fraco.

A caça - M. A. Bennett


Greer estuda na STAGS, uma escola tradicionalíssima inglesa, tão antiga quanto as famílias que lá colocam seus filhos.

A modernidade não combina com esse cenário escolar, da mesma forma, ela é repulsiva para os medievais: grupo de alunos comandados por Henry, famosos por todo lado mas praticamente inacessíveis se você não valer a pena para seu líder.

É com extrema surpresa que Greer recebe um convite para passar uma final de semana em Longcross, propriedade dos pais de Henry, com a promessa de um evento único chamado "caça tiro pesca", assim mesmo, sem vírgulas.

O que aparenta ser uma oportunidade de entrar do mundo dos medievais acaba se tornando um final de semana de terror quando ela percebe que talvez não sejam só animais que serão caçados nesses jogos de sangue.

A verdade sobre esse livro é que a sinopse vende a ideia de um thriller muito bom, mas a triste realidade é que a história é fraca, até meio boba, deixando a sensação de que faltou algum elemento para que toda a trama tivesse algum significado maior.

A protagonista é muito volúvel, indo de sentimentos como ódio e amor platônico em segundos. Os demais personagens deixam muito a desejar pela falta de profundidade e até envolvimento na narrativa, ficaram muito em segundo plano.

O final tem uma revelação que era para ser bombástica, mas que é bem previsível se você já viu qualquer filme de terror adolescente dos anos 80/90. Nem consegui me interessar pela problemática toda e achei tudo muito inverossímil, ou seja, não embarquei na onda da autora.

Por fim, se você mesmo assim tem interesse na leitura, digo que o bom desse livro é que ele flui super bem, dá para ler em menos de 24 horas, tranquilamente. Porém, não crie muita expectativa pois você, provavelmente, vai se decepcionar.

Nota: ⭐⭐
Editora: Arqueiro
Páginas: 240

Um amorzinho.

Uma nova chance para o Sr. Doubler - Seni Glaister


Doubler é um senhor de idade que vive isolado em sua fazenda há anos. Seu único contato com a humanidade é a sra. Milwood, que faz a limpeza da casa e se tornou uma grande ouvinte e, por que não, amiga.

Acostumado à mesmice de sempre, a vida de Doubler é chacoalhada por completo quando a sra. Milwood não aparece para trabalhar e ele acaba descobrindo que ela está no hospital com câncer. 

A partir desse momento delicado para ela, inicia-se para Doubler uma transformação pessoal. Uma redescoberta de si mesmo e de seus valores pessoais. Ele será obrigado a travar novas relações de convivência e aprender a lidar com seus filhos, com quem tem um passado tortuoso e cheio de conflitos.

Pode parecer apenas uma narrativa boba, sem gerar muita expectativa. Confesso que nas mais de cem primeiras páginas foi assim que me senti, não sabia se tinha a real intenção de chegar ao final dessa história. Mas ainda bem que persisti, pois posso dizer convicta que, vencida a vagarosidade inicial, Seni Glaister soube trazer um enredo doce, profundo, íntimo e questionador.

A principal diferença que encontrei nesse livro foi a qualidade dos diálogos, muitos espetaculares, de Doubler e Milwood. Não só eles, mas todos os personagens dessa trama são muito ricos e cativantes, todos nos dão uma perspectiva que muitos de nós não sabemos como será: a vida na velhice. E mais, como pessoas idosas, que já travaram batalhas enormes em sua jornada, lidam com a solidão e as expectativas frente ao medo da morte.

Será possível criar um futuro quando parece que você já viveu tudo o que tinha para viver?

Eu amei. Foi uma das minhas melhores leituras do ano, com certeza, e eu recomendo que você corra atrás desse livro assim que puder. É algo muito diferente do habitual e foge do padrão que encontramos nos nossos gêneros literários de conforto.

São diversas citações incríveis e poéticas que tocam o coração profundamente. Mais uma vez a TAG acertou na escolha!

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Tag inéditos/HarperCollins Brasil
Páginas: 384