sábado, 26 de janeiro de 2019

Mais deveres que direitos.

O Conto da Aia - Margaret Atwood


Uma revolução teocrática trouxe grandes alterações no modo de viver em sociedade, principalmente para as mulheres. Algumas, chamadas aias, foram relegadas ao papel de receptáculos, procriadoras e apenas isso.

Coisas como individualismo, isonomia entre gêneros e culto ao corpo se tornaram peçonha nessa nova forma de convivência.

Nem o nome de batismo é essencial, afinal para que serviria algo tão personalíssimo de qualquer forma?

Aias, Marthas, Esposas, Econoesposas, Comandantes, Olhos, Anjos. Cada um tem seu papel definido e perfilhar outra trilha é um alerta ao sistema que pode levar ao Salvamento, eufemismo para acabar enforcado e exposto no Muro como forma de expiação dos pecados.

O Conto da Aia nos traz memórias de uma mulher forçada a viver nessa mutação social bizarra, encarando seus medos e demonstrando que a humanidade é capaz de se acostumar a qualquer coisa. 

Até que ponto a necessidade de se libertar pode chegar? Será que a única forma de alforria é a liberdade de ir e vir ou existem outras pequenas formas de livramento?

Um livro instigante e angustiante, que vai cativar os apreciadores de Aldous Huxley e George Orwell. Uma reflexão do que poderia ter sido e do que poderá ser um dia nosso mundo caso exista espaço demais para o autoritarismo e a autocracia.

O que é bom para uns, sempre será ruim para outros. Não há liberdade plena sem limitação. Venha mergulhar no mundo distópico de Margaret Atwood.

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Rocco
Páginas: 368

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Lady intrometida.

Victoria e o Patife - Meg Cabot


Lady Victoria sabe muito bem o que quer da vida. Criada na Índia e, por isso, desconhecedora de todas as regras de conduta inglesas, não era de se espantar que arranjasse um noivado à bordo de um navio com um sujeito que mal conhecia. Sendo ele um conde, que mal poderia existir? 

Talvez sua fortuna herdada aos dezesseis anos nada tivesse a ver com isso. Mas seu eleito estava mais do que satisfeito com o acordo e, tão logo ele retornasse para Londres, os preparativos da cerimônia dariam início.

Que seus tios ficaram espantados com a rapidez do compromisso já era de se esperar, apesar de Victoria achar tudo um exagero, pois ela sempre soube conduzir sua vida e a de todos à sua volta com maestria. Entretanto, que direito tinha o capitão Jacob Castairs de questionar sua sanidade em relação ao enlace iminente?

Movido por forças desconhecidas, o irritante capitão que Victoria tanto odeia, fará de tudo para que a moça jamais seja esposa do conde. Porém ele não sabe o perigo que corre ficando entre Victoria e sua determinação de fazer o que bem entender com sua vida.

Um romance de época leve e descontraído, que traz a fluidez das histórias de Meg Cabot. Uma aposta certeira para quem quer sair da ressaca literária.

(Disponível no Kindle Unlimited)

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Galera Record
Páginas: 256

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Enclausurada.

A Prisão do Rei (A Rainha Vermelha vol. 3) - Victoria Aveyard


Maven Calore pode conseguir queimar, entrar em combustão, entretanto nem toda chama que produz seria capaz de derreter seu coração de gelo.

Atormentado e cruel, ele mantém prisioneira sua maior obsessão, Mare Barrow, a garota elétrica.

Mare se entregou por vontade própria, acreditando que com isso evitaria um banho de sangue e salvaria seus amigos. Ela só não tinha como prever as consequências de seu ato e o que isso infligiria a si mesma.

Introspecção, reflexão, sentimentos remoídos: isso é tudo o que restou em sua prisão silenciosa. Resta saber quais as cartas que ela usará para sobreviver a esse martírio.

Uma coisa é certa, a prisão do rei mudará para sempre suas convicções.

Com uma escrita mais arrastada, o terceiro volume da série vem para redimir a protagonista e amadurecer seus ideais. Traz um texto extremamente narrativo e detalhista, que por vezes me fez querer gritar para que alguma coisa acontecesse.

Mas no apagar das luzes, foi um livro tão marcante quanto os anteriores, deixando um frio na barriga para saber como essa história de vingança e poder terminará.

Haveria escapatória desse cárcere sombrio? Ou ter esperanças é mergulhar num rio caudaloso e se afogar?

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Seguinte
Páginas: 552

Ruim, do começo ao fim.

Sem Fôlego - Abbi Glines


Sadie não sabia o que esperar quando aceitou trabalhar no lugar de sua mãe, que está grávida, em uma mansão luxuosa em Sea Breeze.

Apesar de ser adolescente e estar na escola, esse é o único meio de sustentar as duas. Imbuída por esse motivo, ela faz de tudo para ser aceita.

Como não gosta de ser notada, tenta ficar nos bastidores mas, mesmo assim, acaba atraindo a atenção e o desejo de Jax Stone, um super astro do rock.

Seus mundos se colidem e a partir daí seus caminhos se entrelaçam. Permanecerem separados será uma tarefa quase impossível.

Essa história tinha tudo para ser um romancezinho açucarado e fácil de digerir, mas fiquei entalada com os protagonistas desde o início. 

Eu li mil vezes Sadie e todos os outros personagens dizendo o quanto ela era madura. Para mim era um prenúncio do contrário e eu estava certa.

Nunca vi um relacionamento se desenvolver tão rápido sendo que a conexão deles foi fraquíssima. Juras de amor foram trocadas sem nem mesmo dar tempo pra tudo tomar forma direito.

Os diálogos foram ruins, a história do casal é ruim, não tirei nada de bom dessa leitura e não recomendo. Respeito quem tenha curtido, e digo que esse não é meu primeiro livro da Abbi. Li "Paixão sem Limites", que por sinal tem uma história muuuito parecida, e odiei por igual. Não sei se darei mais chances depois dessa.

Alguém mais teve uma experiência parecida? .
(Ressalto que é apenas minha opinião, sem a intenção de magoar ou desrespeitar quem gostou do livro)

Nota: ⭐
Editora: Arqueiro
Páginas: 272

Casal incomum.

A Dama da Ilha - Patricia Cabot (vulgo Meg Cabot)


O que um marquês e uma ilha remota da Escócia têm em comum? A resposta é absolutamente nada. Entretanto, isso não é um impedimento para Reilly, ou melhor dizendo, doutor Stanton.

Apesar de seu título de nobreza, Reilly teve formação em medicina e, no afã de provar a sua ex noiva que poderia exercer a profissão com maestria, dirige-se para a ilha de Skye com o intuito de aceitar um emprego do conde local.

O que ele não esperava era encontrar uma possível rival na ilha, ou pior, que uma mulher fosse a responsável pelo cuidado médico dos moradores. Não bastasse o espanto com Brenna, que nada tinha de delicado como as damas londrinas, seu conhecimento médico estava além do simples estudo e o empirismo continuava vencendo o coração dos habitantes locais.

Reilly precisaria provar sua competência ao povo de Skye e conquistar a confiança da "dama", tomando todas as precauções para não cair de amores por aquela mulher intrigante, é claro.

A Dama da Ilha é uma história cativante e engraçada, explorando um lado do gênero romance de época não muito comum, pois aqui o flerte entre os protagonistas é secundário na trama inteira.

Para quem gosta da autora é uma aposta certeira, e que nos tira de sua zona de conforto. Um livro pouco falado, mas que vale entrar na meta de leitura.

Viaje para Skye, visite castelos, alguns ratos, homens bêbados e, se nada disso te chamar a atenção, enfrente um surto de cólera com esse casal diferentão.

(Disponível no Kindle Unlimited)

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Essência
Páginas: 319