sexta-feira, 31 de maio de 2019

Perigo tentador.

Gelo Negro - Becca Fitzpatrick


Com as férias meticulosamente planejadas, Britt está pronta para embarcar numa viagem às montanhas e provar que não é uma garota insegura para seu ex namorado, Calvin.

Sua companheira de aventura é Korbie, a irmã de Cal. Prontas para sair, elas começam a subida pela montanha no carro de Britt quando são surpreendidas por uma nevasca terrível. Sem saída, as meninas são obrigadas a vagar a esmo durante a tempestade em busca de abrigo.

A sorte parece estar a seu favor quando elas se deparam com uma cabana que aparentemente está sendo usada no momento. Ao bater na porta dois homens atendem e decidem acolher as duas, e é aí que tudo vira de cabeça para baixo.

Ambos são fugitivos da polícia que também ficaram presos na montanha e decidem sequestrar as garotas para que elas os ajudem a sair de lá sem serem presos.

Não é a primeira vez que leio algo da autora, que escreveu a saga Hush, Hush, e me surpreendi com a leitura. Eu não conseguia parar de ler e foi tensão do começo ao fim.

Parecia que estava vendo um filme de suspense adolescente e foi isso que prendeu minha atenção.

Ao longo da história conhecemos mais a protagonista e seu passado com Calvin, que desde o início se mostra uma pessoa horrível com Britt. .
É difícil decidir quem faz o papel de mocinho ou vilão, o que torna o mistério por trás de tudo muito intrigante. 

Para mim, faltou um quê a mais na finalização da trama, porém eu recomendo o livro por ser uma leitura prazerosa e rápida, apesar de Becca ter romantizado demais a situação de perigo (mas acho que funcionou).

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Intrínseca
Páginas: 304

Mulheres espiãs.

A Rede de Alice - Kate Quinn


Duas grandes guerras. O desejo de lutar e vencer o inimigo comum. Um desafio austero que em princípio exige força, porém esta nem sempre é encontrada em sua forma física, denotativa, mas na capacidade de perseverar frente as adversidades.

Diante das ameaças alemãs na Primeira Guerra, um rede de espionagem formada por mulheres encontra no pejorativo termo "sexo frágil" a porta de entrada para os segredos dos boches. A Rede de Alice se espalha pela Europa, permitindo que todos, independente do gênero, lutem pelos seus interesses.

Eve não só fez parte do clã de espiãs como carrega no corpo e na alma a brutalidade do desafio que escolheu enfrentar na época. 

Anos depois ela se vê frente a frente com Charlie, uma garota que perdeu seu irmão para o nazismo, está grávida sem saber quem é o pai da criança e decide tentar descobrir o que aconteceu com sua prima Rose, que não tem dado notícias há mais de ano.

As vidas dessas duas mulheres colidem de forma extraordinária, surgindo uma narrativa forte e potente, fazendo com que o leitor se perca nas páginas, ávido por saber o que irá acontecer ao fim da história.

O livro intercala a busca de Charlie com o passado aterrador de Eve, e nos demonstra que apesar de cada uma travar sua própria batalha elas precisam uma da outra mais do que imaginam.

Foi uma leitura repleta de emoções confusas, de sentimentos bons e horríveis, de desespero total. Não é um livro para corações fracos. Ademais, não se deixe intimidar pelas mais de quinhentas páginas, pois a história flui muito bem. Recomendo sem ressalvas.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Verus
Páginas: 527

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Encontro marcado.

Novembro, 9 - Colleen Hoover


Muitas vezes não somos capazes de perceber a sorte que temos. Sobreviver não é para qualquer um e, embora deixe cicatrizes profundas no corpo e na alma, é necessário e imperioso seguir em frente, pois esta quase sempre é a única opção.

Fallon era uma estrela em ascensão, até o dia em que sofreu graves queimaduras num incêndio, o que acabou com sua autoestima. Ben é um aspirante a escritor, com muita carga emocional trazida do passado, que não impede sua capacidade de resiliência.

Nove de novembro é uma data trágica para esse casal que se conhece de forma inusitada com Ben tentando ajudar Fallon a encarar uma conversa difícil com seu pai. Depois de uma boa dose de "barraco" eles decidem que precisam resolver muitas questões pessoais até que entendam o que sentem um pelo outro.

De mudança para Nova York, Fallon aceita a proposta de que eles se encontrem sempre na mesma data, para contar como conseguiram superar seus medos e decidir se o que os une é amor ou mera atração.

O bacana desse livro é que só sabemos dos fatos junto com os personagens, não há nenhuma história fora o encontro anual dos dois, trazendo à tona a curiosidade das mudanças que cada um sofreu ao longo de 365 dias sem se comunicarem entre si.

Isso também traz o surrealismo da ideia geral do livro, não sendo muito crível que isso de fato pudesse acontecer e dar certo. Mas reconheço que deixou tudo mais poético e bonito.

A autora apresenta, também, muitas reviravoltas. Quem já leu algo dela sabe que ela é a rainha do cliffhanger (um recurso de roteiro para prender o leitor) e que faz isso com maestria. Quando percebi já estava no final da trama e valeu a pena a espera.

Ben não é meu mocinho preferido da CoHo, longe disso, tem muitas coisas nele que me incomodam. Porém, foi uma leitura diferente, com uma proposta mais ousada, saindo um pouco do clichê. Portanto, recomendo demais a leitura e já quero incluir outro livro dela na TBR!

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Galera Record
Páginas: 352

Distopia confusa.

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury


Para manter a população no cabresto medidas extremas foram tomadas. O conhecimento que importa está sendo eliminado pouco a pouco, por meio da queima de livros, e o entretenimento barato é utilizado como morfina para os sentimentos ruins.

Não há espaço para reflexão, descontentamento, insurreição. Basta apenas que você fique entorpecido, em estado de euforia permanente, para não interferir nas decisões daqueles que controlam as marionetes. Sair desse padrão é ser apagado da face da Terra, com direito a ter seu fim televisionado de uma maneira extremamente sensacionalista.

Nesse clássico distópico acompanhamos Montag, um bombeiro que, ao contrário de suas funções originais, é responsável não por apagar labaredas e sim por incendiar livros, itens subversivos e nocivos ao convívio social que é necessariamente reduzido afim de não incitar a imaginação.

O autor narra o despertar de Montag para as atrocidades que cometeu na função a ele designada e sua tentativa de se afastar daquilo que agora lhe causa horror.

Apesar de ser um livro cuja leitura é recomendada para todos, sua narrativa truncada e confusa deixa a desejar e prejudica o entendimento do que está sendo proposto. A leitura é tão rápida que se você piscar pode ter a impressão de que pulou algumas linhas, mas na verdade a construção do texto é estranha mesmo e te deixa perdido na maior parte do tempo.

A narrativa tenta ser linear, mas o bombardeio de informações sem explicações maiores, como se vivêssemos no universo criado por Bradbury há muito, atrapalha de forma colossal, tirando, no meu caso, o prazer de acompanhar a saga de Montag na luta contra suas convicções. Eu não poderia ter me importado menos com um protagonista como o foi.

Por fim, se você já teve a oportunidade de ler "Admirável Mundo Novo" esse livro fica muito aquém do esperado e pode se tornar também uma grande decepção no gênero distopia.

Nota: ⭐⭐⭐
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 216

Segredos everywhere.

O Código Da Vinci - Dan Brown


Pensar no futuro é imergir no passado. De posse do conhecimento é possível orientar-se pelo que já foi feito e contornar situações indesejadas. A afirmação anterior não poderia ser mais precisa para Robert Langdon que, de passagem por Paris, é solicitado no Museu do Louvre para solucionar o mistério de um assassinato envolvendo simbologia. 

Sophie Neveu, neta da vítima, é uma importante criptologista da polícia francesa e, assim como Robert, acaba sendo surpreendida pelo desenrolar dos acontecimentos que envolvem segredos obscuros da Igreja e da história de Cristo.

Crenças e misticismo estarão por todos os lados nessa busca desenfreada pela verdade envolvendo Da Vinci e o Santo Graal. Um relato eletrizante e de tirar o fôlego criado brilhantemente por Dan Brown e que merece o título de ser um dos livros mais lidos de todos os tempos.

É claro que você precisa vestir a camisa e ler deixando de lado suas convicções religiosas, pois estamos falando de uma ficção, embora ricamente adornada por diversos fatos passados, artefatos históricos reais e lugares famosos na Europa.

Um livro de tirar o fôlego do início ao fim, com pensamentos interessantíssimos sobre o sagrado feminino e a posição da Igreja na demonização da mulher ao longo de décadas.

Tive a oportunidade de ler a versão ilustrada, o que só enriqueceu a leitura, pois muitas vezes me senti ao lado de Sophie e Robert nessa caçada pelo Graal. 

Sei que não é o primeiro livro da série, mas não há spoiler algum do que aconteceu no anterior, portanto pode ir de coração tranquilo e se entregar nessa história super intrigante. Recomendo muito e já quero ler as outras coisas que o autor escreveu.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Editora: Sextante
Páginas: 400

Poucas páginas, muita emoção.

Essa Luz Tão Brilhante - Estelle Laure


A segurança familiar de Lucille e Wren foi retirada de forma abrupta. Seu pai teve um surto, agrediu a mãe delas e foi internado. Já a mãe disse que precisava de um tempo para si mesma, fez as malas e sumiu sem deixar notícias.

Diante dessa situação, Lucille, a irmã mais velha, não tem tempo para entrar em pânico. Ela precisa seguir em frente e dar um jeito de pagar as contas da casa, alimentar as duas e assumir um papel que ela não pediu para desempenhar.

No meio de toda essa confusão ela conta com a ajuda de sua melhor amiga Eden e do irmão gêmeo dela, Digby, por quem nutre sentimentos proibidos, pois ele já tem namorada.

Apesar do enredo desolador, Lucille e Wren descobrem que podem contar com muitas pessoas para sobreviver a essas mudanças, além de terem uma a outra.

Um livro curtinho com uma carga emocional bem grande. São necessárias poucas páginas para que você se envolva com o drama familiar das duas e só é possível largar a leitura quando você chega no final.

A autora pecou apenas no desenvolvimento. Faltou dar mais ênfase na situação vivida pelo pai e pela mãe. Ficou tudo muito vago, como se ela tivesse apenas jogado a informação no ar e não se preocupasse em aprofundar as coisas.

Recomendo a leitura mas com essa ressalva, não vá achando que tudo vai ser esmiuçado e que você terá muitas respostas. E para quem tiver interesse existe um segundo volume com a história de Eden entitulado "Sonhos em Flor".

Nota: ⭐⭐⭐⭐
Editora: Arqueiro
Páginas: 208